Dia internacional da mulher: Conheça duas importantes cientistas brasileiras

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O Dia Internacional das Mulheres, mais do que uma data comemorativa, é uma data que homenageia e lembra-nos das diversas lutas em que as mulheres assumiram a dianteira.A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em função da memória da "Marcha das Mulheres de Petrogrado", em 1917.

Quando as mulheres russas organizaram uma greve contra a fome, a guerra e um regime ditatorial. A data foi escolhida simbolicamente para que a atuação das mulheres, como líderes e parte essencial nas lutas por justiça social não sejam esquecidas. Assim, mais do que celebrar, 8 de março é dia de homenagear, e relembrar que as mulheres foram, e são, parte ativa das lutas contra as desigualdades sociais, e não apenas coadjuvantes na História. Hoje homenagearemos duas referências para a pesquisa brasileira: Marlies Sazima e Marta Fábian.
Marlies Sazima, Dra. em Ciências Biológicas pela USP, onde concluiu toda a sua formação acadêmica. Atualmente, é professora titular na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Sua pesquisa é focada na biologia da polinização, com ênfase em interações entre plantas e polinizadores, como beija-flores, morcegos e abelhas, especialmente em ecossistemas brasileiros como a Mata Atlântica. Em um dos seus artigos mais relevantes, Marlies Sazima documentou, por exemplo, que morcegos nectarívoros da Mata Atlântica seguem rotas fixas para visitar flores, um comportamento chamado "trapline" (também observado em beija-flores), fazendo visitas rápidas, às vezes agarrando-se às flores para alcançar o néctar. Esses morcegos menores são especializados em flores de difícil acesso, já outros maiores preferem flores com néctar abundante. Ah, enquanto as flores polinizadas por beija-flores têm formas tubulares super estreitas, as flores dos morcegos têm forma de tubo, um pouco mais largo, ou escova e tem mais néctar também!
Marta Fábian, Graduada em Licenciatura em História Natural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1967), mestre em Geociências pela mesma instituição (1977) e doutora em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) (1987). Seu trabalho é focado em ecologia e conservação, com contribuições significativas para o estudo de morfologia de morcegos, interações ecológicas e biodiversidade. Em importante estudo, Marta Fábian, junto com Rosane Marques, agregou ao conhecimento científico informações sobre a morfologia e funcionalidade das gônadas da espécie M. molossus, por exemplo, mostrando que as fêmeas dessa espécie apresentam uma assimetria no sistema reprodutivo, com ovário e corno uterino direitos mais desenvolvidos e que a implantação do embrião ocorre sempre desse lado. Já os machos sexualmente ativos têm testículos significativamente maiores do que os indivíduos inativos e, curiosamente, mantêm espermatozóides armazenados ao longo de quase todo o ano, mesmo fora da época de acasalamento, sugerindo que estão sempre prontos para se reproduzir.

Dentro da carreira científica, as mulheres estão constantemente lutando por espaço e reconhecimento pelo seu trabalho e, nós da SBEQ, hoje fazemos uma homenagem a duas pesquisadoras brasileiras que, assim como muitas outras, agregaram contribuições muito importantes para o conhecimento científico sobre morcegos.